Foto e biografia: https://www.cpqrr.fiocruz.br/
VIRGINIA SCHALL
( BRASIL – MINAS GERAIS )
Virgínia Torres Schall de Matos Pinto (Montes Claros, 2 de junho de 1954 — Belo Horizonte, 29 de abril de 2015) foi uma divulgadora de ciência, psicóloga, pesquisadora e educadora brasileira. Trabalhou na área de pesquisa e divulgação científica da Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Além da carreira na pesquisa, também foi escritora infantil e poetisa. Recebeu prêmios tanto por sua atividade literária quanto por seu trabalho de divulgação científica, incluindo o Prêmio José Reis de Divulgação Científica, em 1990.
Cooperou ativamente com órgãos públicos, como os Ministérios da Saúde e da Educação, a CAPES, o CNPq, a FAPERJ e a FAPEMIG, além de ter atuado internacionalmente em comitês da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), buscando sempre promover a divulgação do conhecimento científico e da educação. Sua perspectiva multidisciplinar permitiu o desenvolvimento de trabalhos sobre diversos temas, dentre eles: prevenção e controle de doenças infecciosas e parasitárias, educação e promoção da saúde, tecnologias educacionais e de informação sobre saúde, ambiente e ciências, ensino de ciências e espaços formais e não formais de aprendizagem.
Em 1980, Virgínia mudou-se para o Rio de Janeiro para dar aulas no Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mas pouco tempo depois, em 1981, tornou-se pesquisadora do Departamento de Biologia no Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Na Fiocruz, foi responsável por criar o Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde (LEAS) em 1990, primeiro laboratório dedicado à educação e saúde da instituição, além de participar ativamente da construção do curso de pós-graduação de Ensino em Biociências e Saúde em 2004.
Em 2002, foi eleita membra efetiva da Academia Feminina Mineira de Letras, onde continuou a escrever e desenvolver seu lado literário.
Livros
In Minas Memoria (2009); Cedo ou Tarde (2007); Contos de Fatos: histórias de Manguinhos (2001); Coleção Ciranda da Vida (1994), 4 volumes: Sem lugar na Arca de Noé, Segredos que crescem, Vida, viagem infinita e O mistério da caverna de luz.
LB revista da literatura brasileira. 25 - Direção: Aloysio Mendonça Sampaio.
São Paulo, SP: 2002. 46 p; 14 x 21 cm. Ex. doado pelo livreiro BRITO – Brasília- DF
Solo Noturno
Abro a porta da casa
Escura,
O manto do sono recobre a vida
Que pulsa quente no movimento
único
Da cena
A troca de passos em pontas de pés,
Sussurro invadindo o silêncio sacralizado
Do lar que dorme.
Fecho a porta, deixo suspenso o mundo lá fora,
A chave na mão,
A fechadura em mim.
Caminho pelo corredor e não sei quem sou,
Estou aqui, final de século e milênio,
Carregando questões desde muito antes de Sócrates
E todas elas pulsam vermelhas, acorrentadas
Na sombra do teto sem lua:
Não saber é abrir-se a todas as possibilidades?
Ou trancafiar-se à inconsciência do existir?
Uma opressão avoluma-se e ferve meu corpo,
Então abro a janela
E a noite sopra carícias em minha face tensa.
No correr do vidro que a mão liberta,
O mundo retorna à casa.
Lá fora, a vida trafega a rua,
Brilha nas luzes de bares e edifícios,
Vibra na mistura de vozes
Dos amantes se bêbados da madrugada
Vida que se prepara orvalhada,
Em véspera de flores
Que abrirão com a manhã.
Vida que freme nas telejanelas piscando azuladas.
Dos últimos músicos andarilhos.
Lateja em abraços de corpos ardentes e entumecidos.
Saciada, devagar deslizo a janela de volta
E colo minha face rubra ao vidro gélido.
Agora aspiro o aroma da vida em mim,
As questões ficaram aprisionadas no corredor,
No mundo passado.
Me reencontro e me revivo no incenso de carícias
sentidas.
Na essência do amor entrevisto em fresta,
Um dia,
Brindando em mim, infinito, a nobreza do ser,
De não precisar saber,
Calando perguntas e borbulhando em festa
O presente.
Agora, apenas sou e sinto. Na janela, recolho o espanto
E por dentro grito:
EXISTO?
*
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Página publicada em outubro de 2023
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